domingo, 15 de junho de 2008

O NÃO IRLANDÊS E MAIS UM POSSÍVEL ADIAMENTO PARA A EUROPA


O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, entende que cabe à União Europeia, e não apenas a Dublin, encontrar uma saída para o dilema provocado pela rejeição do Tratado de Lisboa no referendo organizado pelo país.“Quero que a Europa contribua com algumas soluções em vez de sugerir que isto é apenas um problema da Irlanda”, afirmou Cowen em declarações ao canal público de rádio RTE.
Num recado aos parceiros europeus, o primeiro-ministro irlandês lembra que “se não houver desenvolvimentos políticos” “o Tratado não pode evidentemente entrar em vigor”, pois este tem de ser ratificado pelos 27 Estados-membros.

São já muitas as vozes que se levantam a propor caminhos e a definir rumos no pós referendo irlandês, a mim custa-me que um país tenha todo este peso sobre outros 18 que já tinham dado a sua aceitação ao Tratado de Lisboa, muito embora entenda que a Europa e este projecto europeu devem merecer unanimidades nestas matérias, a bem do próprio desenho e equilíbrio da Europa.
Creio, porém, que o tema Europa e a UE em particular são algo muito distante dos cidadãos europeus, quero com isto dizer que a instituição europeia é pouco ou quase nada debatida no contexto de cada nação, isto apesar de deter um peso já maioritário nas decisões políticas de cada país. Se não vejamos, nas escolas pouco ou quase nada se debate sobre a Europa e sobre o projecto de formação europeu, o único caso que se conhece, está confinado à experiência do Colégio Europeu em Bruxelas. Entendo que um dos grandes obstáculos reside certamente no desconhecimento que os europeus revelam sobre a UE.
É óbvio que este não irlandês não é só um problema da Irlanda é também de toda a Europa, muito embora seja estranho que a Irlanda tendo sido um dos países que mais beneficiou com a sua adesão à UE, venha uma vez mais chumbar um tratado europeu (Tratado de Nice em 2002). É certo que mais nenhum país, para além da Irlanda, colocou ou irá colocar a referendo o Tratado de Lisboa, o que de certa forma prova o receio dos líderes europeus. Dificilmente num momento de enorme volatilidade económica e social um Tratado com a importância que este assume é votado favoravelmente. As pessoas mostraram temer o desconhecido, sendo que na Irlanda foram adoptados chavões propositadamente errados, mas essa é a outra face da política, condenável, é um facto.
Mas só estamos a votar este Tratado, porque em abono da verdade, os holandeses e franceses, fundadores da UE veja-se, chumbaram em 2005 a Constituição Europeia.
Será que voltar a colocar a referendo o Tratado de Lisboa, à semelhança do que sucedeu em 2002, no mesmo país por ocasião do Tratado de Nice é um caminho? Não estará a Europa a humilhar a Irlanda? Mas por outro lado, a Europa precisa deste Tratado para se afirmar.
O que eu me pergunto é se a UE não precisará sobretudo de encontrar os caminhos e fazer as pontes com os europeus para de facto ser sentida como parte de todos?

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