Uma decisão acertada de António Costa

Quase sempre José Saramago não foi tratado como merecia alguém que escreve como ele escreve e que sobretudo, fez mais pela "marca" made in Portugal que muitos dos espertalhaços cá do pedaço

Recordo-me do anedótico e pateta secretário de estado da cultura Sousa Lara, do então Governo Cavaquista, que melhor meio não achou do que mover uma corrente abjecta de ataques a Saramago, que trago novamente à leitura e à recordação:

O romance de José Saramago Evangelho segundo Jesus Cristo foi cortado da lista dos concorrentes ao Prémio Literário Europeu, pelo Subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara. Porquê?
"Porque não representa Portugal"
"Esta minha atitude nada tem a ver com estratégias de venda, nem sequer com opções literárias. E muito menos com as escolhas políticas de Saramago. Não entrou em linha de conta o facto de ele ser comunista ou pertencer à Frente Nacional para a Defesa da Cultura"
Afirmações de Sousa Lara ao Público, 25 de Abril de 1992
"A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os."

Sousa Lara aquando do debate sobre a Cultura na Assembleia da República, Abril de 1992

Faz muito bem o António Costa em querer ceder a Casa dos Bicos a Saramago para aí instalar-se a Fundação José Saramago, que incluirá a biblioteca do escritor. A ver vamos se outros "Laras", mais puristas, não vetarão esta proposta do presidente Costa. A confirmar-se ganha Portugal e Lisboa.